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quarta-feira, 27 de março de 2019

Aviador mais jovem do mundo era filho de Igarapava

Hélio Marincek iniciou seus voos ainda com 12 anos e viveu como uma estrela

Hélio voou sozinho pela primeira vez com 12 anos


Hélio Marincek nasceu em 23 de outubro de 1923, na cidade de Igarapava, São Paulo, filho de Antônio Marincek e Antonieta Mugnatto. Em 1932, com nove anos, se mudou para Ribeirão Preto com os pais e o irmão mais novo, Homilton Marincek. A família viajou de avião pela primeira vez em 1936, de Ribeirão até São Paulo e, conforme próprio Hélio relata no livro "A Saga dos Aviadores", escrito por Sérgio Ferreira Cardoso, pesquisador e entusiasta da aviação, essa experiência marcou a família para sempre.
Depois dessa viajem, Antônio se interessou mais por aviação e voava escondido de sua esposa, contando com Hélio como cúmplice, pois naquela época aviões eram muito frágeis e a simples presença de um avião amedrontava as pessoas. Após ter aulas com o instrutor de voo Juvenal Paixão, que levou a primeira escola de aviação para Ribeirão Preto, Antônio comprou, em 1937, um avião Taylorcraft, o qual tinha o nome de Tupy. Para Hélio conseguir pilotar, Antônio adaptou a nave para que ele pudesse alcançar os pedais e enxergar.

Mais moço e menor aviador
O primeiro voo de Hélio sozinho foi em Uberlândia, ainda em 1937, com 14 anos, para onde a família havia se mudado e Antônio fundado a Escola de Aviação Marincek. No mesmo ano, Antônio também montou uma escola em Araguari. Lá, Hélio foi aluno, mas não pode receber o brevê por causa da idade, porém, em 1938, no evento de brevetamento dos outros alunos, Hélio, com 13 anos, foi convidado pelo 1º Tenente do Exército Mário Perdigão, que fazia parte da junta examinadora, a também pilotar a aeronave, tendo Perdigão como passageiro e recebendo elogios do tenente.

Hélio a bordo do avião do pai


A partir daí, Hélio virou estrela. Como não possuía o brevê, realizava voos de demonstração e acrobacias nas escolas que o pai fundou e em festas e eventos de aviação. Em 1939, na Festa de Aviação de Guatapará, que acontecia em Ribeirão Preto, estava presente Assis Chateaubriand. "Chatô" viu as façanhas de Hélio e, maravilhado, o convidou para ir até o Rio de Janeiro. No dia 12 de julho Hélio partiu para o Rio pilotando a aeronave, sendo recebido por jornalistas dos Diários Associados e o próprio Chateaubriand.


Por 40 dias, Hélio participou de desfiles, foi recebido por autoridades e deu entrevistas para jornais impressos e rádio. Uma dessas apresentações do "aviador menino", que nessa altura já era conhecido por todo Rio, foi no jogo do Vasco contra o Flamengo. Cerca de 20 mil pessoas assistiram ao desfile e aplaudiram o pequeno Hélio.
Hélio sendo recebido no jogo do Vasco contra o Flamengo

"Voarei com você sem seguro de vida"

Toda imprensa estava voltada para o menino. Um dos repórteres do Diário de São Paulo escreveu o seguinte sobre Hélio: "Como repórter, tenho voado milhares de quilômetros. Hélio Marincek pilotou o Fairchild e o fez com absoluta precisão, impressionando os técnicos. Eu me congratulo com Hélio Marincek e dou parabéns ao Brasil porque os seus filhos se revelam precocemente notáveis dominadores do espaço".

O dia 28 de julho foi quando Hélio conheceu o então presidente do Brasil, Getúlio Vargas. "Voarei com você sozinho, no seu avião, sem fazer seguro de vida", disse Vargas de acordo com o artigo publicado no jornal "Diário da Noite" no dia 29 de julho. Após a solenidade, Vargas oferece um avião à família Marincek, a fim de estimular a criação de mais escolas de aviação.

Hélio com o Getulio Vargas
Quando voltou para Ribeirão Preto, no dia 21 de agosto de 1939, Hélio foi recebido como um artista, por uma multidão no Aeroporto do Tanquinho. Segundo uma matéria publicada no "Diário da Noite" no dia 22, cerca de 400 pessoas estavam no local para ver a chegada do menino. No caminho para casa, a família Marincek foi escoltada por um cortejo de automóveis.
Hélio sendo recebido em Ribeirão Preto

Cortaram minhas asas

No primeiro dia de setembro de 1939, Hélio viajou para o Rio de Janeiro novamente, desta vez para cursar o colégio militar. A vaga havia sido oferecida pelo então Ministro da Guerra, General Eurico Gaspar Dutra. Porém, em razão das rígidas regras do colégio, Hélio não voou mais enquanto cursava o colegial.
Hélio com uniforme do colégio militar


Coronel Aviador

Assim que se formou no colégio militar, em 1945, Hélio ingressou na Escola da Aeronáutica em Campo dos Afonsos, também no Rio de Janeiro, onde voltou a voar. Formou-se com mérito em 1947 e por causa disso foi convidado a fazer um curso de pouso em porta aviões nos Estados Unidos. Lá, totalizou 260 horas de voo e voltou ao Brasil em 1949 já como 2º Tenente.

No País, Hélio assumiu um posto como piloto no Correio Aéreo Nacional (CAN), fazendo a rota do Rio Solimões, e também outras funções na Força Aérea Brasileira (FAB), acumulando mais de 7 mil horas de voo. Em 1969, recebeu a patente de Coronel Aviador e entrou para a reserva da FAB.

Em seu tempo de FAB, Hélio foi condecorado com a medalha "Mérito Santos Dumont", que é dada a militares que se destacam em suas funções, recebeu também a "Ordem do Mérito Aeronáutico" como Cavaleiro, que é concedida para quem eleva o nome da aeronáutica brasileira de alguma forma.

Hélio Marincek

Decolagem


Hélio Marincek viveu seus últimos anos ao lado de sua filha em Fortaleza, morrendo em 2010, com 87 anos. Seus últimos anos foram dedicados à família e ao garimpo de registros sobre ele. Reuniu cerca de 200 fotografias e mais de 150 jornais, revistas e livros com histórias sobre sua vida. Tudo isso foi levado ao Instituto Cultural da Aeronáutica. Cópias dos arquivos também estão no "Musal", o Museu Aeroespacial.

Fotos: Arquivo pessoal/Sérgio Ferreira Cardoso
Fonte:https://www.revide.com.br

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