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terça-feira, 2 de abril de 2019

Costureira da Santa Casa tem 80 anos, metade deles dedicados à instituição

Dona Albertina é dona de um sorriso largo e fala com orgulho da sua trajetória no hospital


   Aos 80 anos, Albertina Ferreira já é aposentada e sabe que, um dia, terá que deixar as suas atividades na Santa Casa de Igarapava. Um dia. Por enquanto, a costureira fala do respeito pela instituição e do aprendizado adquirido.
   De fala e sorriso fáceis, ela não esconde o orgulho dos quase 40 anos de serviços prestados ao hospital. “Eu entrei em 1981. Tá na segunda carteira, porque preenche uma aí eles pedem outra”.
   Além da faxina, Albertina garante que aprendeu muito com as oportunidades obtidas.
   “Comecei na limpeza, depois fui auxiliar de cozinha, e agora sou costureira. Trabalhei uns sete meses no laboratório, no tempo da doutora Iara. Eu tinha que lavar os vidrinhos de colher sangue. Tinha que ser bem lavado e esterilizado nas horas certas, igual aquela frase: lavar um burro preto até ele ficar branco. Não podia ter uma sujeirinha. Era uma responsabilidade enorme”.
   Num mundo onde as pessoas se queixam por tudo, Albertina se diz privilegiada e comemora a vida que tem. “Criei as minhas filhas, elas são bem casadas, minhas netas também. Fui casada quase 40 anos. Tô com saúde, não tomo nenhum comprimido para dor nenhuma, apesar da minha idade. Vou reclamar do que?”.
   O trabalho na rouparia do hospital é feito, como ela mesma diz: com amor, respeito e necessidade. Enquanto mostra as peças confeccionadas para o centro cirúrgico, Albertina enfatiza a importância do trabalho na vida das pessoas.
 
 “Quando cheguei aqui as minhas filhas já não precisam tanto, mas eu preciso. Uma pessoa que acorda e não tem um lugar pra ir, um trabalho para fazer, não tem vida. Fiquei viúva, tudo que tenho agora é tirado daqui, porque a gente não pode contar com dinheiro de aposentadoria que é uma merreca. Então, neste tempo todo trabalhando aqui, não sei mais separar o que é a Santa Casa e o que é a minha vida”.
   A costureira se emociona ao lembrar os amigos que ela viu morrer no hospital. “Já vi muita gente que eu gostava entrar aqui e não sair. Sofro muito com isso, mas não cai uma folha sem que Deus queira, então, fazer o que? Aceitar né? Mas que é dolorido é”.
   Enquanto isso, o rádio ligado e o barulho da máquina de costura mostram que Albertina continua por ali, diariamente, à frente do seu honroso trabalho na Santa Casa.
  Em maio, ela completará 81 anos, sem nenhum plano para a aposentadoria definitiva.

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